Arranquem, de uma vez por todas,
Todas as amarras do indecoro
Quebrem, por favor ou por raiva,
Todos os momentos dessa lucidez
Abram mão do bom senso,
Disvirtuem os conceitos,
Intimidem a inocência
E definam o sim e o não como apenas...
Talvez
Abusem nas medidas,
Reutilizem as velhas saídas
Desfaçam os conchavos sociais
Retirem-se dos seus humores plásticos
Não firmem contratos
Esqueçam a solidão e cantem
Matem, por puro prazer,
A dor e o ócio, o vazio inquietante
E a sobriedade das atitudes mórbidas; automáticas
Parem de agir como robôs.
Evitem olhares vazios
Criem vida, façam novas vidas
Nasçam de novo, mas façam agora...
Bebam de todas as fontes
De todas as águas
De todos os humores
Mas, sobretudo, Sejam
Qualquer coisa: sejam!
Vivam e coexistam
Conectem-se e admitam-se
Aceitem a nossa ignorância
Aceitem não termos remédio
Aceitem sermos só o que somos
E nada do que nos disseram para ser
Rasguem, ponham fora
Toda a miséria da vida barata
E celebrem o novo
Admirem a vida até a morte
E depois morram...